E em dois jogos, tudo pode ter ido. Eram cinco pontos na semana passada, eram dois à entrada para esta ronda e amanhã, no final do FC Porto x Feirense, pode não ser nenhum. Tudo isto, com o clássico ao virar da esquina. O Benfica empatou em Coimbra (0x0), no segundo jogo consecutivo sem vencer na Liga portuguesa, o terceiro com a Champions pelo meio. O líder tentou, lutou, mas a uma semana do Porto pôs-se a jeito de ser destituído.
Académica defensiva para travar o líder
É chegada a altura da época em que a necessidade de pontos dita os fatos a vestir. Pois bem, a Académica, de vertente ofensiva até agora, percebeu que os cinco pontos para a linha de água exigem outra face e a receção ao Benfica já foi feita de forma bem menos vistosa. Aliás, foi defensiva, bem fechadinha, preocupada em manter os homens de risco encarnado bem longe de Peiser. E foram-no conseguindo.
Ainda sem Javi García - que ficou no banco - e sem Rodrigo, o Benfica apresentou-se no Cidade de Coimbra com Aimar nas costas de Cardozo. «El Mago» deveria funcionar como servente do paraguaio, que tinha Bruno César - por troca com Nolito - e Nico Gaitán nas alas. O líder entrou forte, rápido, mas esbarrou no muro que Pedro Emanuel construiu do dia para a noite junto às margens do Mondego.
Sem Marinho e Diogo Valente - dois dos ofensivos sacrificados pelo bem maior -, Maxi Pereira acabou por ser mais extremo que lateral e era pelo uruguaio que o Benfica ia tentando apagar o mais rapidamente possível o trauma de Guimarães. Aos 18', Witsel lançou bem Maxi, este cruzou direitinho para a cabeça de Aimar, mas Peiser mostrou-se pedra sólida no muro academista.
O Benfica não desistiu e continuou a tentar, sempre com Maxi, ora a interior, ora colado à linha, a escavar pedrinha por pedrinha a barreira preta. Tentou aos 22' com um remate de longe que saiu ligeiramente por cima, e ganhou uma falta perigosa para Cardozo aproveitar. No entanto, o remate do paraguaio saiu por cima. Com Aimar esforçado mas perdido na rede defensiva da Académica, o Benfica dominava mas sem ser perigoso.
Entrou Nélson Oliveira e o Benfica cresceu
Ao intervalo, Jesus percebeu o jogo e tirou Matic, peça desnecessária no xadrez encarnado, e lançou Nélson Oliveira. Ainda com a chamada à seleção bem fresquinha, o avançado português mostrou o porquê de tamanha atenção de Paulo Bento. Nos primeiros dez minutos do segundo tempo, rematou - com muito perigo -, serviu companheiros para grandes ocasiões e obrigou um adversário a cortar em esforço e a enviar à trave.
Entre os 46' e os 57 minutos, o Benfica carregou como nunca sobre o muro, ameaçando derrubá-lo a qualquer altura. Como aos 64', quando Peiser voltou a erguer-se monstruosamente perante Cardozo, negando o golo ao paraguaio no duelo cara a cara. Mas agora o jogo era outro, porque Nélson Oliveira o mudou. Recuava para fazer o trabalho de Aimar, lançava-se na ajuda a Cardozo. Uma esperança com vista ao Europeu.
Curiosamente, a Académica, sofredora, até teve duas ocasiões enormíssimas para marcar, primeiro por Maguique, depois por Diogo Melo, numa segunda parte com cheiro a golo, mais do Benfica, mas ainda assim. A dança dos bancos intensificava-se, com Yannick Djaló a merecer segunda chamada desde que chegou à Luz. Na Briosa, Diogo Valente já acelerava pelo flanco esquerdo nos novos contra ataques estudantis, bem mais à imagem da primeira Académica.
Era um Benfica sob pressão máxima à medida que corriam os segundos da famosa «Cabra» de Coimbra em direção ao Municipal. E à flor da pele ficaram os nervos de Jesus e de todos os benfiquistas, quando Nélson, sempre ele, teve nos pés o golo da libertação, aos 82 minutos. Fez tudo bem, posicionou-se bem para o lançamento longo de Maxi Pereira, mas depois atirou ao lado quando a baliza estava mesmo ali, semi deserta. O rosto contou tudo, incrédulo. O Benfica atirou-se, expôs-se, mas ficou sem dois pontos e amanhã pode já ter a companhia do FC Porto no topo da Liga.
Sem comentários:
Enviar um comentário